sexta-feira, 7 de maio de 2010

ilhéus de pescada

em vida não somos mais do que ilhéus de pescada,
atracados no mesmo porto, à deriva sem procurar.
sem fogo na caldeira, somos um e mais nada,
sem rota a seguir, sem farol ou a luz do mar.

que servem a bússola, o astrolábio, o compasso
num mundo sem cartas de marear? estão por traçar.
para que quero este pequeno barco onde o peixe é escasso?
tenho fome, sede, desejo e o escorbuto está-me a matar.

será errado ao mar comparar o amor,
atribuir-lhe a culpa da sua imensidão,
de não sermos humanamente atentos observadores?

não me interessa se os oceanos desconheçam a dor,
sejam ignorantes às noites estreladas na solidão,
no fundo todos só queremos ser bons pescadores.