domingo, 2 de maio de 2010

o segredo

vou disfarçar um segredo,
disfarçá-lo entre nós,
com um vestido de medo,
feito à medida da voz.
se eu te confessar um crime
deixas-me seguir impune?

as palavras seriam cruéis
ditas com tal convicção,
do produto destas por seis
resulta o valor da desilusão.
se eu não contar a ninguém
condeno-te a ti também?

agora não, não me incomodes,
estou-me a tentar esconder,
vencer, iludir, enganar os holofotes,
conseguir apenas viver.
se me atirarem à fogueira
vêem-me queimar a noite inteira?

pensei que tu não julgavas,
de todos, eras imparcial.
eras tu que me cortavas
o terror até ao final.
se não puder confiar em ti
ou todo o amor perdi?

já revi as minhas equações,
corrigi os erros de cálculo.
não te passo as minhas aflições,
o meu fardo, aqui ganho calo.
se tu não me podes ajudar,
diz-me que com tempo não irá mais custar.