quarta-feira, 8 de setembro de 2010

diálogo moral

- vais sair?
- sim.
- tem cuidado.
- está bem.
- não, a sério. tem cuidado.
- já disse que está bem. vou ter cuidado.
- e vê lá o que bebes.
- o que me apetecer.
- olha o álcool...
- que tem?
- se te apanham é uma chatice.
- não apanham nada.
- e se tens um acidente?
- acontece, não há como evitar.
- as estradas estão molhadas e se beberes é muito perigoso.
- é sempre perigoso, quer beba quer não.
- e se acontece algo mais grave?
- cada um tem a sua hora de ir embora.
- isso não são coisas que se digam!
- é verdade.
- e se és tu a tirar uma vida?
- é um acidente, não se faz de propósito.
- mas é horrível.
- pois é, eu sei.
- podes ter muitos problemas judiciais!
- se todos os problemas fossem judiciais estava o mundo muito bem.
- não digas isso, olha que podes até ir preso!
- e que tem de ser preso por se fazer algo mau? estou farto da sociedade de hoje, parece que as pessoas já só não matam, roubam ou abusam com medo das consequências judiciais.
- que estás para aí a dizer?
- estou a dizer que devia-se evitar cometer crimes não porque são crimes mas porque moralmente, no coração de cada um, ainda seja possível perceber que são actos repugnáveis. mas parece que cada vez mais esse sentimento se esquece, que é tudo medo das represálias da lei.
- não sabes o que dizes.
- será? o melhor polícia é aquele que reside na nossa caixa pensante.
- tu e as tuas teorias.
- não são teorias, é a verdade. revolta-me! e agora vou sair que se faz tarde.
- até logo.