quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

o sonho que me mata

hoje acordei para a mentira, novamente. quando reparei que tudo não passou de um engano, proclamei as maiores blasfémias que o despertador já ouviu. consigo passear por tempos e tempos sem um leve pensamento de ti, mas há noites em que chegas daquela maneira repetitiva e deitas todo o meu suor e lágrimas a perder. gostava de te guardar na gaveta nostálgica que preparei, para poder olhar com carinho, um dia mais tarde, para tudo o que és, tudo o que já foste e tudo o que fomos. não, tens de continuar a invadir o meu repouso, tentar-me com as tuas danças. a verdade é só esta: hoje sonhei novamente contigo e quando acordei não estavas. é um daqueles sonhos recorrentes que me crava o peito, me arranha as costa e morde a orelha. não importa quem tu amas hoje, juntamos-nos em segredo no lugar dos teus lençóis azuis com cheiro a champô. o pecado é o mesmo, mas a vontade de parar apenas diminui. o perigo representa cada vez menos perigo, à medida que cresce em nós o medo da descoberta e culmina com o nosso aproximar do clímax. eu fujo pela janela de coração trucidado pelo comboio que me afasta, abandonando-te na plataforma. amaldiçoo a falsa realidade que surge neste mundo unicamente pela imaginação das palavras. um dia estaremos juntos uma última vez e eu te prometo que partes comigo, em vida, sonho ou morte.