quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

quando éramos pequenos #6

navego por devaneios que perpetram a minha visão consciente e me encantam por mundos fantásticos, onde o tempo não é mais o presente. costumava pensar que um dia, ao crescer e, principalmente, ao amadurecer, iria entender o magnífico ser que co-habita com o meu género: a mulher. somos o exemplo máximo da relação amor-ódio, mas não trago aqui uma dessas teorias redesenhadas com o intuito de se passarem como novas. não, apenas me recordo de um pequeno episódio peculiar que pertence às páginas da minha história. havia esta rapariga, naqueles tempos do secundário, com quem eu partilhei uma bonita amizade colorida. costumava colocar-me sobre o assento da minha veloz bicicleta e pedalar até à porta dela, fizesse chuva, fizesse sol. uma vez o boné soltou-se da cabeça com o vento duas vezes e eu caí da bicicleta duas vezes, mas nada me impedia. vou ter de admitir que, como qualquer rapaz adolescente que está a descobrir as maravilhas do corpo feminino, a minha cabeça tinha espaço para albergar pouco mais. eram filmes com beijos, lanches com beijos, trabalhos com beijos, risos com beijos ou apenas beijos com beijos. e no meio de tantos beijos, o rapaz soltava a sua mão na aventura que é aquela aliciante silhueta. no entanto, certos lugares estavam repletos de sinais luminosos, sonoros e até físicos onde se podia ler claramente a palavra 'proibido'. bom, mas homem que é homem não liga a sinais de proibição, não os vê, não os lê, são chatos e aborrecidos, pois não é um ser para barreiras! é alguém mais virado para brincadeiras e os seios são tão fofinhos, pensa ele. a verdade é que a brincadeira custava-me uma boa bofetada de todas as vezes, mas valia sempre o esforço. certo dia, os dois corações batiam aceleradamente, como que se quisessem irromper do peito e alcançar as estrelas nesse mesmo dia! quis medir a frequência que ressoava no peito dela, mas temia as represálias que se verificaram no passado. espanto, que ela conduz a minha trémula mão até àquele apetecível lugar e eu senti. senti as vibrações palpitantes e senti a mama dela, tão firme e tão suave. pergunto-me desde então, será que elas nos recusam a chave dos seus encantos porque a desejamos desalmadamente? que quando a intenção é inocente somos donos de um livre-trânsito. no fundo, nem interessa. é tão bom o desafio, é tão bom o descobrir enquanto são só coisas de miúdos.