sexta-feira, 3 de junho de 2011

o oftalmologista (e outros que tal)

fui ao oftalmologista, há uns dias atrás, e apercebi-me de uma atitude minha que é, certamente, partilhada por todos nós. temos imenso orgulho em obter bons resultados num teste, o ego cresce, seja ele qual for. ainda que, se nos sairmos bem no dito cujo, hajam implicações negativas para a nossa pessoa (ou alguém próximo). o que me apercebi foi que, durante aquele exame de rotina em que o senhor apresenta letras e temos de as ler com as lentes de ensaio, fazemos sempre um esforço para nos sair bem. tentamos adivinhar, ainda que não seja mais do que um borrão. já me vi decorar linhas só para as poder acertar mais tarde, quando era mais pequeno. a verdade é que gostamos de agradar os outros, tendo os melhores resultados, seja em que teste for. mas é algo que faz pouco sentido, pois sendo o mais honesto possível teremos um tratamento melhor adequado. uma vez conheci um homem que, sempre que o médico o mandava realizar análises, debruçava-se sobre uma fastidiosa e rigorosa dieta. só uns dias depois de largar as carnes gordas, os doces e o vinho se dirigia ao laboratório. na altura de devolver os resultados, lá ia ele todo satisfeito. regressava a casa bastante orgulhoso, pois as análises indicavam que estava tudo dentro dos limites legais e que podia continuar com a sua dieta regular rica em hidrocarbonatos, gorduras saturadas, açúcar e, especialmente, álcool. não faz sentido, e qualquer ser racional com o mínimo de inteligência o sabe. no entanto, temos esta vontade incontrolável de agradar os outros ao sermos os melhores do teste! pensamos, convencidos da vida que somos os maiores, ter enganado toda a gente. no entanto, só nos iludimos a nós mesmos.