quinta-feira, 28 de junho de 2012

sou escravo

hão-de pensar que sou frio, desligado e em tormento.
pensam bem.
hão-de imaginar que sou monstro, demente e escória.
imaginam bem.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

poema sentido (sem sentido)

não houve um alguém
com o mínimo de prezo,
mas eu fácil esqueço
todo esse desdém.

amor já te não sinto
desde a última vez
que a cama a dois se fez
a um quarto p'ras cinco.

esse sim e o outro não,
gosto do jeito que gosto,
beijo fogo nesse rosto,
triste sou, sem razão.

não tentei desejar mais,
tanto quis sem querer,
fiz-me tolo sem saber,
eram teus os animais.

não! vieram por marés,
salgaram-me as manhãs,
entoavam promessas vãs,
eleveram-me pelos pés.

eu sei e não o digo,
vontade, pouca falta,
se sair carta alta
levo-te sempre comigo.

domingo, 3 de junho de 2012

desfaz-me

os teus dedos, a deslizar por mim,
desfizeram todos os vincos,
alisaram todos os recantos.
a morte tocou-me, leve assim,
e, por mais cruel que fosse,
jamais algo foi tão doce.