segunda-feira, 5 de novembro de 2012

o amor não é contínuo

o amor não é contínuo, como se pode ler no título e parece-me razoável começar por aí. eu não só afirmo que não é contínuo, como também sei como se comporta. é muito simples, de facto, o amor é discreto. não, no sentido de algo que é recatado e sabe guardar um segredo, mas sim, no sentido matemático da palavra. ou seja, o amor é impulsivo! (o que quero dizer é que o amor acontece por impulsos, separados no tempo e sem qualquer amor nessa separação.)
é uma conclusão desafiadora, eu sei. no entanto, a verdade é só uma: é impossível amar continuamente, porque amar requer tudo de nós. para amar, temos de nos entregar de alma, corpo e mente, temos de nos render durante os sonhos e procurar abrigo nos pesadelos, temos de acordar e adormecer com um só pensamento: o amor. contudo, se tudo isto fosse apenas o que fizéssemos, então nada mais era feito: a comida não era preparada, os projectos não saíam do papel e esse papel continuaria sempre branco - estaríamos demasiado ocupados a amar para poder viver.
o conceito que guardamos em nós de amor, não é o de verdadeiro amor contínuo, mas o de um amor discreto - por impulsos - simples. amamos quando nos aborrecemos, quando estamos sozinhos, no caminho para a escola ou o trabalho, na fila do supermercado ou quando vemos alguém que está, nesse momento, também a amar. lá vai acontecendo, mais ou menos frequente e até, por vezes, quase todos os instantes consecutivos e é nesses momentos que parece contínuo e interminável. não o é, é uma ilusão! (mas não deixa de ser uma ilusão agradável.)