sexta-feira, 20 de junho de 2014

na terceira pessoa

se numa outra eu lhe falasse,
mulher outra que não ela,
e se, com um beijo na face,
ela soubesse que é bela...
essa outra não existe,
é o reflexo da alma triste.

dizer-lho é impensável,
tem de haver outra maneira,
que seja menos condenável
ou em tom de brincadeira.
talvez essa outra mulher,
que existe só porque se quer.

prefiro o silêncio infinito
e a distância que nos separa
ao seu coração aflito,
que o meu profanara,
com a mulher que é apenas
solução aos meus dilemas.

não há uma boa hora,
quiçá essa já passou
e expulsou daqui para fora
o que nunca se formou
e a mulher de quem tanto falo
é a frase onde a assinalo.

prefiro perder-me em mim,
nos sonhos que nunca realizei,
que continuar a amar assim
essa outra que eu nunca amei,
essa mulher que eu inventei
para o coração que só a ela dei.