sexta-feira, 4 de julho de 2014

castelo de areia

sozinha, tu inspiras o centro do meu coração
    e acendes o fogo da fornalha de que se alimenta,
        sem saberes que o fazes, sem sequer o quereres.
agora, sempre que enfrentar a solidão,
    sei que a força da tua mão na minha se aguenta
        com a magia em que ocultas os teus poderes.

por mais longe que estejas, ainda me agarras
    tão forte como a maré do bravo mar de inverno
        e delicado que nem sinto o apertar constrangedor.
quero ouvir todas as histórias que narras,
    pela voz do teu canto lírico, que é o mais terno
        que já ecoou pelas entranhas do meu interior.

um dia, já serei eu um bom navegador
    e convidar-te-ei a velejar comigo por mais além,
        onde nunca outro coração se atreveu a navegar.
por agora, terás que acreditar que é amor
    que impulsiona o meu barco a remos não tão bem,
        mas que me leva até ao lugar onde quero chegar.

nessa ilha deserta, onde mora mais ninguém
    construirei o castelo de areia que nos albergará
        e esperarei pelo dia em que me peças para subir.
se os anos passarem, nem mesmo aos cem
    eu desistirei de esperar o dia que te trará
        ao encosto dos meus braços para dormir.