sábado, 25 de outubro de 2014

adeus (amor de) verão

foi com um golpe certeiro na veia
que me destruíste sonhos por sonhar
e estas asas ficaram por usar —
não mais se prenderão entre a tua teia.

oiço a doce melodia da vitória,
enquanto danças — ou não — no jardim,
sabor de verão que chega ao fim
p'ra se tornar nada mais que memória.

foram os teus olhos de ser carente
que revelaram a alma oculta em ti:
tu foste, és e serás alguém não crente.

culpaste-me por tanto que insisti,
não viste a verdade — é bem diferente:
se te amo ou amei, não sei... desisti.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

cátia

questiona tudo, questiona nada,
dá-me tudo de mão beijada,
leva contigo este meu amor,
que nunca soube onde se pôr,
para que te olhe pela madrugada.

eu ignoro-te com tal atenção
que jamais dei a outro coração,
mais fraca que aquela que dás,
mas tu és mestre em dar para trás
com esses olhos que nada me dão.

e tudo o que ofereces em segredo —
já nem sei se por prazer ou medo —
são fantasias que se enraizaram
em mim e a mim me infernaram
nesse teu raiar que se desfez cedo.

faz as tuas perguntas e tira nota,
que a resposta — seja boa ou idiota —
é, para ti, um tanto cheia de nada
que a já sabias antes de formada
ou sequer a dúvida bater à porta.

mas a dúvida bateu e entrou,
porque deixaste — não se calou,
ficou e ficou a moer, moer, moer
e nenhum se atreveu a dizer:
foi amor que nunca se amou.

domingo, 5 de outubro de 2014

ainda és tu, serás sempre tu

quanto mais eu me esqueço de ti, mais
estás presente por cada segundo
e perto ouço o teu respirar fundo
a negar todos esses teus sinais.

como quem anda ao sabor do vento,
sempre chega onde sempre quis chegar,
ao lugar que escolheste p'ra esperar
a vinda do tempo que se fez lento.

assim ando, ao sabor dos amores
que, em muito pouco, se igualam ao teu —
mesmo despido de todas as cores.

antes que penses tudo se perdeu,
irei contigo, seguir-te onde fores
no barco que o teu sorriso me deu.