quinta-feira, 19 de março de 2015

o teu primeiro amor

não contas as casas, p'la rua, sem tecto,
não contas os dias em que estás feliz,
nem sabes o que passa ou se diz,
se vives na sombra do meu afecto.

tens e terás, em mim, fiel companheiro,
quando os muros, por fim, se derrocarem
e os teus olhos de cetim me abonarem —
mais do que um sim, quero-te por inteiro.

só te lembra contar gotas perdidas,
por entre os dias de orvalho e de nevoeiro,
em que passas os dedos nas feridas.

e o meu amor que, de tão verdadeiro,
curou todas as tuas lascas partidas,
nunca superou esse teu primeiro.