quarta-feira, 17 de junho de 2015

Celeste (I)

longa era a sombra sobre o meu regaço,
em mim, lançada p'lo teu castiçal,
no tecto, a balançar como um sinal
da tua voz ou do álcool no bagaço.

de costas voltadas p'rá fraca luz,
o sal das lágrimas rasgou na cara
uma fissura que nunca mais sara
p'ra ver os demónios que nunca expus.

porque mantenho a janela fechada,
o dia ou a noite, p'ra mim, são nada
como o ar frio e gélido de oeste.

a morte é o meu estado corrente
e morrer seria sentir novamente,
no peito, ecoar o teu nome — Celeste!