domingo, 25 de maio de 2014

passado

o passado é uma bola de cimento algemada ao meu pescoço que cresce de dia para dia e que de dia para dia se torna mais difícil de arrastar, então vai-me fazendo avançar cada vez mais devagar e cada vez com mais dificuldade até que um dia eu não tenho mais força para avançar sozinho. peço ajuda ou morro ali, naquele lugar onde fiquei preso ao passado. sim, isso também me acontece. acontece com toda a gente, porque ninguém é imune — apenas há gente capaz de carregar o fardo durante mais tempo, antes de sucumbir.

sábado, 17 de maio de 2014

falta-me a dor

não há mágoa em mim, não há.
preenche-me em completo
a falta dessa dor que não chegará.
a minha alma é um deserto.

eu queria, com toda a força, sentir-te.
talvez fosse o meu maior desejo
falhar redondamente em mentir-te.
já nem me lembro do último beijo.

se eu fosse mais do que nada,
possuísse uma réstia do que fosse,
a minha alma estagnada
falar-te-ia num tom mais doce.

por respeito, ainda espero aqui
que o desespero seja breve.
se alguma vez algo eu senti,
foi um murmúrio ao de leve.

terça-feira, 6 de maio de 2014

tu és

tu és minha namorada, só ainda não o sabes.