caminho estas ruas desertas,
as noites de estrelas cobertas,
entre o ténue assobio do vento
sou o maior poeta sem talento.
procuro perto uma porta aberta,
ando à deriva e à descoberta,
perdido entre ruas conhecidas
p'ra as quais não conheço saídas.
se numa cave encontrar um bar,
copos vou beber, cigarros vou fumar,
a alma inteira coloco sobre a mesa
p'ra que todos vejam esta fraqueza.
o meu corpo teima em existir,
o coração bate sem lhe pedir,
a circulação acelera em vão
p'ra me manter refém da solidão.