um indevido indivíduo endividou-se
e decidiu dividir os dividendos
dos dentes dourados,
com as damas do douro —
em desdém lhe devem dinheiro.
domingo, 29 de junho de 2014
sábado, 28 de junho de 2014
há solução
- estou apaixonado por ti, joana.
- pobre joão... coloca um pouco de tempo sobre a ferida e não lhe mexas durante um bom bocado. vais ver que passa.
- pobre joão... coloca um pouco de tempo sobre a ferida e não lhe mexas durante um bom bocado. vais ver que passa.
esquisso de
joão e joana
sexta-feira, 27 de junho de 2014
o amor é uma doença
já tentei tudo por tudo
e mais fiz por te merecer,
obriguei o coração mudo
a gritar sem sequer querer.
já elevei as mãos ao céu
e trouxe de lá um bom pedaço,
porque dar-te aquilo meu
causa, em ti, tanto cansaço.
só uma coisa ainda não fiz,
mas que vou tentar agora:
desistir de ser feliz
e expulsar o amor p'ra fora.
em verdade, eu estou doente
e esta doença é uma loucura —
há-de passar, certamente,
diz-se que o tempo... tudo cura.
e mais fiz por te merecer,
obriguei o coração mudo
a gritar sem sequer querer.
já elevei as mãos ao céu
e trouxe de lá um bom pedaço,
porque dar-te aquilo meu
causa, em ti, tanto cansaço.
só uma coisa ainda não fiz,
mas que vou tentar agora:
desistir de ser feliz
e expulsar o amor p'ra fora.
em verdade, eu estou doente
e esta doença é uma loucura —
há-de passar, certamente,
diz-se que o tempo... tudo cura.
esquisso de
poema rítmico
quinta-feira, 26 de junho de 2014
sei que estarás feliz
eu juro, de corpo nu e mãos atadas, nunca te esquecer.
lembra-te de mim, no dia mais infeliz da tua vida
e eu desejo, com todo o meu coração, nunca povoar a tua memória.
(estarei a amar-te nos confins do esquecimento.)
lembra-te de mim, no dia mais infeliz da tua vida
e eu desejo, com todo o meu coração, nunca povoar a tua memória.
(estarei a amar-te nos confins do esquecimento.)
esquisso de
palavra e meia
quarta-feira, 25 de junho de 2014
gente pura
e se da pura gente a gente fosse
e esquecêssemos o jeito animal
que nos crava o sentimento irreal —
esta doença, a que chamam amor, trouxe?
não mais haveria razão p'ra furor
e ninguém mais perderia a cabeça
e não mais haveria outra sentença
p'ró que fazemos p'ra acalmar a dor.
eu, que nasci um homem sentimental,
por mais lógico que o coração seja,
hei-de sofrer de amor acidental.
no fundo, em mim, já só resta a inveja
desse vil acto de amor canibal
no sonho em que a tua alma a minha beija.
e esquecêssemos o jeito animal
que nos crava o sentimento irreal —
esta doença, a que chamam amor, trouxe?
não mais haveria razão p'ra furor
e ninguém mais perderia a cabeça
e não mais haveria outra sentença
p'ró que fazemos p'ra acalmar a dor.
eu, que nasci um homem sentimental,
por mais lógico que o coração seja,
hei-de sofrer de amor acidental.
no fundo, em mim, já só resta a inveja
desse vil acto de amor canibal
no sonho em que a tua alma a minha beija.
segunda-feira, 23 de junho de 2014
boa noite
tenho descontroladas saudades tuas,
como já não sentia desde há muito,
como se vagueasse sozinho nas ruas
até ao teu aparecimento fortuito.
como já não sentia desde há muito,
como se vagueasse sozinho nas ruas
até ao teu aparecimento fortuito.
esquisso de
poema rítmico
sexta-feira, 20 de junho de 2014
na terceira pessoa
se numa outra eu lhe falasse,
mulher outra que não ela,
e se, com um beijo na face,
ela soubesse que é bela...
essa outra não existe,
é o reflexo da alma triste.
dizer-lho é impensável,
tem de haver outra maneira,
que seja menos condenável
ou em tom de brincadeira.
talvez essa outra mulher,
que existe só porque se quer.
prefiro o silêncio infinito
e a distância que nos separa
ao seu coração aflito,
que o meu profanara,
com a mulher que é apenas
solução aos meus dilemas.
não há uma boa hora,
quiçá essa já passou
e expulsou daqui para fora
o que nunca se formou
e a mulher de quem tanto falo
é a frase onde a assinalo.
prefiro perder-me em mim,
nos sonhos que nunca realizei,
que continuar a amar assim
essa outra que eu nunca amei,
essa mulher que eu inventei
para o coração que só a ela dei.
mulher outra que não ela,
e se, com um beijo na face,
ela soubesse que é bela...
essa outra não existe,
é o reflexo da alma triste.
dizer-lho é impensável,
tem de haver outra maneira,
que seja menos condenável
ou em tom de brincadeira.
talvez essa outra mulher,
que existe só porque se quer.
prefiro o silêncio infinito
e a distância que nos separa
ao seu coração aflito,
que o meu profanara,
com a mulher que é apenas
solução aos meus dilemas.
não há uma boa hora,
quiçá essa já passou
e expulsou daqui para fora
o que nunca se formou
e a mulher de quem tanto falo
é a frase onde a assinalo.
prefiro perder-me em mim,
nos sonhos que nunca realizei,
que continuar a amar assim
essa outra que eu nunca amei,
essa mulher que eu inventei
para o coração que só a ela dei.
esquisso de
poema rítmico
quinta-feira, 19 de junho de 2014
o erro não é teu
se te falaram que tinhas jeito,
jeito esse para coisa alguma,
não penses que é teu defeito
saberes fazer coisa nenhuma.
é falha deles, com certeza,
esses outros que te enganaram
ainda que, com gentileza,
erradamente te informaram.
não desesperes para já,
que ainda é cedo para morrer
e incerto o que o futuro trará —
tantas vezes, só o anoitecer.
meu admirável bom senhor
e ilustre minha senhora,
muito do que a gente sabe de cor
ainda nos safa em boa hora!
a quem nasce pobre de arte,
desejo toda a sorte do mundo
até que a própria vida se farte
de durar um só segundo.
jeito esse para coisa alguma,
não penses que é teu defeito
saberes fazer coisa nenhuma.
é falha deles, com certeza,
esses outros que te enganaram
ainda que, com gentileza,
erradamente te informaram.
não desesperes para já,
que ainda é cedo para morrer
e incerto o que o futuro trará —
tantas vezes, só o anoitecer.
meu admirável bom senhor
e ilustre minha senhora,
muito do que a gente sabe de cor
ainda nos safa em boa hora!
a quem nasce pobre de arte,
desejo toda a sorte do mundo
até que a própria vida se farte
de durar um só segundo.
esquisso de
poema rítmico
quarta-feira, 18 de junho de 2014
quem te escreve
não sei quem te escreve as linhas
que repetes de cor,
como se as soubesses de coração.
são palavras, por vezes minhas,
carregadas da dor
de não sentir qualquer emoção.
são poesias demasiado vãs e vazias,
passo o pleonasmo,
que debitas como uma receita.
de todas as palavras que dizias,
com tanto entusiasmo,
não havia uma única perfeita.
quem foi que te enganou primeiro,
tocou-te no profundo
e manchou-te toda a alma?
permite-me ser o teu um de janeiro,
num novo mundo,
onde só persiste a calma.
não sei quem te deixou assim,
neste perpétuo abandono,
onde já não vigora a lei
que um dia olhou, sem fim,
o seio do teu sono
onde, para sempre, estarei.
que repetes de cor,
como se as soubesses de coração.
são palavras, por vezes minhas,
carregadas da dor
de não sentir qualquer emoção.
são poesias demasiado vãs e vazias,
passo o pleonasmo,
que debitas como uma receita.
de todas as palavras que dizias,
com tanto entusiasmo,
não havia uma única perfeita.
quem foi que te enganou primeiro,
tocou-te no profundo
e manchou-te toda a alma?
permite-me ser o teu um de janeiro,
num novo mundo,
onde só persiste a calma.
não sei quem te deixou assim,
neste perpétuo abandono,
onde já não vigora a lei
que um dia olhou, sem fim,
o seio do teu sono
onde, para sempre, estarei.
esquisso de
poema rítmico
segunda-feira, 16 de junho de 2014
ter-te é perder-te
o meu medo de te encontrar
é o meu medo de te perder
e a minha ânsia p'ra te tocar
não passa a dor de te esquecer.
porque ter-te seria tão bom,
seria demais p'ra um só homem.
como fazes tu esse som
dos anjos enquanto dormem?
talvez esteja eu a sonhar
alto demais e acordado,
que este meu chão p'ra andar,
um dia, revela-se inacabado.
essa berma do precipício
será a delicadeza do destino
única e que, por suplício,
me livrará teu ser divino.
peço-te um só empurrão,
para trás ou para a frente,
que não mais este coração
sofra hesitantemente.
é o meu medo de te perder
e a minha ânsia p'ra te tocar
não passa a dor de te esquecer.
porque ter-te seria tão bom,
seria demais p'ra um só homem.
como fazes tu esse som
dos anjos enquanto dormem?
talvez esteja eu a sonhar
alto demais e acordado,
que este meu chão p'ra andar,
um dia, revela-se inacabado.
essa berma do precipício
será a delicadeza do destino
única e que, por suplício,
me livrará teu ser divino.
peço-te um só empurrão,
para trás ou para a frente,
que não mais este coração
sofra hesitantemente.
esquisso de
poema rítmico
quinta-feira, 12 de junho de 2014
o rosto da trindade do homem
agora que conheces o homem, pensas entender a sua alma,
a alma que os outros comem, mas cuja fome não se acalma.
falta apresentar-te à besta, o monstro que trago enclausurado
e, no fundo, é o que resta da vida de um homem amargurado.
tu vives na torre da ilusão, erguida por blocos que te neguei,
fazes de insana a razão para a qual eu sempre te chamei.
jamais eu fui ser subtil no recorte que faço à minha montanha,
enquanto me tomas por gentil, já estou podre desde a entranha.
não oiças a voz da saudade, que te ensurda os demais sentidos
e se me vieres com piedade, dar-te-ei anos perdidos.
livra-te da presença do bicho enquanto homem se apresenta,
serás só mais um capricho que consta na sua ementa.
estou tão longe de maligno como o sol de neptuno
e este retrato fidedigno, porventura inoportuno,
é o derradeiro esforço de uma mente bem cansada
de viver no fundo do poço, rodeada de tanto nada.
a alma que os outros comem, mas cuja fome não se acalma.
falta apresentar-te à besta, o monstro que trago enclausurado
e, no fundo, é o que resta da vida de um homem amargurado.
tu vives na torre da ilusão, erguida por blocos que te neguei,
fazes de insana a razão para a qual eu sempre te chamei.
jamais eu fui ser subtil no recorte que faço à minha montanha,
enquanto me tomas por gentil, já estou podre desde a entranha.
não oiças a voz da saudade, que te ensurda os demais sentidos
e se me vieres com piedade, dar-te-ei anos perdidos.
livra-te da presença do bicho enquanto homem se apresenta,
serás só mais um capricho que consta na sua ementa.
estou tão longe de maligno como o sol de neptuno
e este retrato fidedigno, porventura inoportuno,
é o derradeiro esforço de uma mente bem cansada
de viver no fundo do poço, rodeada de tanto nada.
esquisso de
poema rítmico
domingo, 8 de junho de 2014
são só saudades
são só saudades que trago a meu peito
da pele que vestes, nunca toquei.
se o olhar que me deste era perfeito,
bem sei que o pedi, mas nunca agarrei.
foi p'los olhos de outro que não eu
que a tua imagem ao de cima veio,
lembrar que aquilo ainda não morreu
na margem deste rio que vai a meio.
aquilo que sabes, sentes e foges
como uma sombra se esconde da luz
neste amor em que tanto te despojes.
já na noite a tua alma se seduz
com palavras que saltam sem perdão
nas saudades que tenho do teu não.
da pele que vestes, nunca toquei.
se o olhar que me deste era perfeito,
bem sei que o pedi, mas nunca agarrei.
foi p'los olhos de outro que não eu
que a tua imagem ao de cima veio,
lembrar que aquilo ainda não morreu
na margem deste rio que vai a meio.
aquilo que sabes, sentes e foges
como uma sombra se esconde da luz
neste amor em que tanto te despojes.
já na noite a tua alma se seduz
com palavras que saltam sem perdão
nas saudades que tenho do teu não.
segunda-feira, 2 de junho de 2014
esse teu sorriso
é esse sorriso que trazes contigo,
não o rasgado, mas o tímido,
faz-me esquecer qualquer perigo
que me espera ver abatido.
a tua falta de jeito me encanta,
seduz-me como farol para nevoeiro
e essa corda em torno da garganta
não mais me faz prisioneiro.
és uma das flores que deus
cultivou no seu jardim secreto,
sem nunca revelar aos seus
que és a fonte do seu afecto.
a noite é a vénia que o sol
se digna fazer à tua presença
e a lua é o reflexo do lençol
onde cumpres a eterna sentença.
és o anjo que, sem asas, voa
acima do limite do firmamento
e nenhum dos homens de Pessoa
tem, para ti, adequado talento.
o coração foge-me do peito,
se me invades assim a mente
e ainda que longe de perfeito,
é amar-te... perdidamente!
temo-me incapaz de resistir
aos teus encantos matinais,
por mais difíceis de engolir,
vou desejar sempre mais.
não o rasgado, mas o tímido,
faz-me esquecer qualquer perigo
que me espera ver abatido.
a tua falta de jeito me encanta,
seduz-me como farol para nevoeiro
e essa corda em torno da garganta
não mais me faz prisioneiro.
és uma das flores que deus
cultivou no seu jardim secreto,
sem nunca revelar aos seus
que és a fonte do seu afecto.
a noite é a vénia que o sol
se digna fazer à tua presença
e a lua é o reflexo do lençol
onde cumpres a eterna sentença.
és o anjo que, sem asas, voa
acima do limite do firmamento
e nenhum dos homens de Pessoa
tem, para ti, adequado talento.
o coração foge-me do peito,
se me invades assim a mente
e ainda que longe de perfeito,
é amar-te... perdidamente!
temo-me incapaz de resistir
aos teus encantos matinais,
por mais difíceis de engolir,
vou desejar sempre mais.
esquisso de
poema rítmico
Subscrever:
Mensagens (Atom)