sábado, 30 de março de 2013

boa noite

boa noite, dorme bem,
sonha com aquele — tu sabes quem.
acordas sem ele, mas ele não tarda
e, numa destas manhãs, está à tua porta.
nesse dia, tens cinco minutos para sair,
estejas bem vestida ou toda torta.
vais receber: um beijinho curioso, um pequeno-almoço,
um principe charmoso e muito guloso,
um abraço matinal, um beijinho sem sinal
e um "até já" no final.

boa noite, dorme bem.

domingo, 24 de março de 2013

um pouco de humildade

eu, esse ser mesquinho
que tinha por hábito
desprezar tudo o que existe,
vim a descobrir que
muitas são as vezes
em que realmente existe
o sonho, esse sonho
que jamais poderia ser
mais do que um sonho.

eu, esse ser arrogante
que tomava por certo
ser maior do que os outros,
dei por mim a sofrer
por algo tão comum
como sofrem os outros:
angústia, mágoa e tristeza...
...e o amor - por amor,
dói bem sofrer por amor!

quarta-feira, 20 de março de 2013

coisas que ela diz (e eu gosto) #1

(entre conversas sentimentais)
- tenho medo.
- tens medo de quê?
- tenho medo que me troques por um rapaz mais giro do que eu.
- se eu te trocar por outro rapaz, apenas por ele ser mais giro do que tu, não estás a perder grande coisa.

terça-feira, 12 de março de 2013

ter medo de ter medo

sei que as palavras ferem, mesmo boas,
que se esgota a paciência sem limite,
sei que este mundo onde me isolo é triste
e na minha frieza me amaldiçoas.

temo o dia que tomo por mais de certo,
escondo a cara da vergonha infame,
recuso aparecer a quem me chame,
temo perder-te depois de tão perto.

ainda as palavras apaziguadoras
ecoam p'lo negro fundo da minha alma,
já tanto me aflige o passar das horas.

nunca antes aclamado por ter calma,
desejei ter p'ra mim quaisquer melhoras
além do doce toque da tua palma.

domingo, 10 de março de 2013

prometo

vou viver todos os meus dias para te fazer feliz, até ficar sem dias para viver.

quarta-feira, 6 de março de 2013

rainha do meu coração

já não sei quem foi (ou o quê)
que me deixou neste estado lastimável,
se foi o tempo que passou (passou porquê?),
se foi a última palavra amigável.

os dias atropelam-me, um a um,
com a pressa de atingir primeiro o fim,
mas o fim chegará em dia nenhum,
o mesmo dia em que ela sairá de mim.

resta um só vestígio no fundo
dessa emulsão que dançava por aí,
nunca soube nada do mundo,
nem as gentes que tem eu lhe vi.

já sei quem foi, já me lembrei
da rainha do meu reino de mágoas
que, por um dia, me deixou ser rei
antes de me atirar ao abismo das águas.

as gotas atropelam-me, uma a uma,
com a pressa de me afogar em vão,
vem que o amor que aqui se assuma
não mais temerá implorar perdão.

sobra-me uma só réstia de esperança
que a morte me tenha em boa estima,
guardo no sótão da minha lembrança
essa paixão da qual fui vítima.