I
cheira a queimado
num abraço apertado,
a casa perdeu-se.
II
é velha a casa
em que este verso surge
e o haiku nasce.
III
a meio da tarde
o sol por entre os ramos
bate-nos na cara.
sábado, 21 de outubro de 2017
quinta-feira, 31 de agosto de 2017
se um dia uma rainha
se um dia uma rainha
se sentasse ao teu lado,
se ela fosse pequenina
e do teu agrado
o que é que tu,
o que é que tu
lhe dirias?
se um dia a navegar
p'los olhos de sua graça
te sentisses naufragar
sem qualquer ameaça
o que é que tu,
o que é que tu
farias?
se um dia na escuridão
ouvisses a voz menina
chamar do coração
que pertence à rainha
o que é que tu,
o que é que tu
responderias?
se um dia uma rainha
fizesse de ti seu rei
e fosse também mansinha
à tua palavra-lei
o que é que tu,
o que é que tu
sonharias?
se sentasse ao teu lado,
se ela fosse pequenina
e do teu agrado
o que é que tu,
o que é que tu
lhe dirias?
se um dia a navegar
p'los olhos de sua graça
te sentisses naufragar
sem qualquer ameaça
o que é que tu,
o que é que tu
farias?
se um dia na escuridão
ouvisses a voz menina
chamar do coração
que pertence à rainha
o que é que tu,
o que é que tu
responderias?
se um dia uma rainha
fizesse de ti seu rei
e fosse também mansinha
à tua palavra-lei
o que é que tu,
o que é que tu
sonharias?
quinta-feira, 20 de abril de 2017
eu gosto de ti, daquela maneira
eu gosto de ti, daquela maneira
secreta — nem à minha alma o contei,
nem ao coração, um dia, perdoarei
a omissão de tamanha chinfrineira!
por ti espero, em perpétua agonia
de uma dor que nasceu sem avisar,
da distância que impede de sonhar
que a cama não tem de se ter vazia.
abram alas aos meus dedos falantes,
que, em mim, são detentores da coragem
com a qual eu apenas sonhava antes.
p'ra que, um dia, possas ser mais do que imagem,
morrem aqui e agora as amantes
que eu apenas amei por vadiagem.
secreta — nem à minha alma o contei,
nem ao coração, um dia, perdoarei
a omissão de tamanha chinfrineira!
por ti espero, em perpétua agonia
de uma dor que nasceu sem avisar,
da distância que impede de sonhar
que a cama não tem de se ter vazia.
abram alas aos meus dedos falantes,
que, em mim, são detentores da coragem
com a qual eu apenas sonhava antes.
p'ra que, um dia, possas ser mais do que imagem,
morrem aqui e agora as amantes
que eu apenas amei por vadiagem.
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