terça-feira, 21 de maio de 2013

coisas que ela diz (e eu gosto) #6

(enquanto me encontrava longe)
- sim, tudo custa mais sem ti aqui.

domingo, 19 de maio de 2013

sobre mim

há algumas coisas que, talvez, ainda não sabes sobre mim. gosto de árvores solitárias, porque se aguentam sozinhas no meio de nenhures. gosto das manhãs e madrugadas, com nevoeiro, de preferência. gosto que me chames amor, especialmente se o fizeres sem querer. gosto que te aninhes em mim, me abraces, mordisques e beijes. gosto que me beijes o pescoço, sim. à semelhança do nosso universo, há quatro pilares sobre os quais assenta a minha existência. são as coisas que mais prazer me dão: estar contigo, fotografar, cozinhar e matematicar. gosto do pôr-do-sol, da lua cheia, de churrascos, um dia de chuva passado em pijama e fogueiras. gosto de explorar o mundo urbano e rural, descobrir e redescobrir. gosto de fazer surpresas às pessoas que são importantes e de agradar os outros. gosto das letras minúsculas, de rock 'n roll e cabelos compridos. gosto de Edgar Allan Poe, Fernando Pessoa e Lewis Carroll. gosto de rios e t-shirts, sapatilhas e tocar guitarra. gosto de cinema, história e arqueologia, política, economia e pensar. gosto de silêncio e vazio, fruta e bacalhau. gosto de fazer grandes viagens e planear e organizar, um bom negócio e aventuras quotidianas. gosto de me perder, ainda que seja difícil - tenho bom sentido de orientação - e de andar de comboio e bicicleta. gosto de muito que não me lembro, tal como sofrer por amor e ver sorrisos desconhecidos. no entanto, o que mais gosto - acima de qualquer coisa - é de amar.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

fica

eu sei que tens medo.
eu sei que queres fugir, deitar tudo a perder.
eu sei que sentes o mundo a desistir, o tempo a reduzir, a voz a partir...
eu sei que ontem já não volta e o amanhã está demasiado longe.
o que temos é o presente e pode sempre ser enfeitado com poemas, cantigas, sorrisos, olhares, partilhas, cumprimentos, agradecimentos, arrependimentos...
porque o dia dos outros é melhor contigo, fica.

domingo, 12 de maio de 2013

alucinação

tenho pouco tempo para isto,
nem sei bem o que dizer,
mas, no pescoço, cresce um quisto
que dói. dói apenas por doer.

não gosto de passado,
o que lá vai, lá vai,
sei que sou o primeiro culpado
dos buracos onde a mente cai.

não há mais e estou vazio
onde nunca houve muito sequer,
talvez seja um simples arrepio
ou a pétala de um malmequer.

não quero sair, não me forces,
que o faço pelo sacrifício em si
e não pelas palavras que torces
para que eu possa acreditar em ti.

às vezes, falo por falar,
quem não me conhece, sabe-o bem,
como uma bola de sabão no ar
que voa por aí e mais além.

há muito que isto não acontecia,
sem pensar, debito as palavras
- a minha insanidade em demasia,
pelos poemas que nunca acabas.

hoje, estou de tudo por tudo,
continuava até nascer o sol,
mas algo me chama, estou surdo
e vou-me como peixe no anzol.

espero que um dia seja amor,
esse que vejo e nunca provei,
quando souber esconder melhor
o nome da cor que nem eu sei.

isto é abstracionismo puro,
que nada tem a ver comigo,
como o outro lado de um muro
que me separa do perigo.

o tempo esgotou-se aqui agora,
ainda bem! digo-o como em miúdo,
porque o vazio roubou-me a hora
em que toquei o teu vestido veludo.

falei de mais e nada disse,
sabia bem que tal ia acontecer,
tal como a pequena alice
que sonhou para desaparecer.

domingo, 5 de maio de 2013

coisas que ela diz (e eu gosto) #5

(um sussurro à tarde, no jardim, durante um jogo de uno com amigos)
- tenho muita sorte em te ter.

sábado, 4 de maio de 2013

vamos falar de nada e coisa alguma

há dias em que escrevo muito, há dias em que escrevo pouco. há ainda aqueles dias em que escrevo puramente por escrever, sem nada ter para dizer, apenas pelo simples prazer de algo branco preencher. e eu pergunto para mim mesmo, será isso algo digno de se escrever? eu acho que sim. quem sabe, mais tarde, alguém não vai analisar e dissecar cada palavra meticulosamente, encontrando significados que nunca estiveram lá. é a arte de criar vazio e dele fazer surgir uma imensidão de ideias sentidas que nunca foram pensadas. talvez, só talvez, precisemos do vazio de outro para encontrar o nosso conteúdo. o que é um imenso nada para uns é, muitas vezes, tudo e mais do que tudo para um outro qualquer. tudo o que escrevi em tantas linhas, facilmente se resumia numa curta frase. no entanto, é no espremer da temática - quando se ataca um assunto a partir de todos os flancos possíveis - que se encontra, em alguma versão do mesmo, o significado. nem todos interpretamos de maneira igual e uns requerem um tipo de explicação mais pormenorizado e cheio de paciência, ao contrário daqueles a quem duas palavras mal marteladas são suficientes para explicar toda a essência de algo. olhem só para mim, quão fácil me ponho a divagar sobre coisa alguma.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

coisas que ela diz (e eu gosto) #4

(a passear pela cordoaria no porto)
- give me a kiss!