já tive ideias maravilhosas
sobre o possível fim do mundo,
o meu nome não é edmundo
e jamais ofereço rosas.
são os desagradáveis cheiros
que mais me trazem recordações,
essas coisas que no cabelo pões
p'ra olhares tão grosseiros.
na algibeira levava eu
moedas de prata p'ra menina,
cartas de amor em tinta fina
e um pássaro que morreu.
o tremor na espinha - frio,
ao imaginar ser algo real
ouvir-te cantar tal pardal
enquanto te despias pelo rio.
se sou demente, perguntas tu,
sou doente e delinquente,
um rapaz bem diferente
daquele que esperas ver nu.
perco-me em vagas promessas
expressas, mas nunca feitas,
são apenas olhares que deitas
de verdades que nem começas.
só me falta um copo de vinho,
o último beijo e abraço,
mais um café com bagaço
e ponho-me a caminho.
os teus olhos são nevoeiro
e translúcido o meu peito,
mas, com todo o respeito,
fui eu que te vi primeiro.