quem me dera ser o vento de inverno,
só p'ra poder tocar a tua cara,
sentir-lhe o sabor da pele doce e clara
o travo que levarei p'ró inferno.
sou uma gota de água no oceano,
largada à costa que te viu às dez,
onde paraste p'ra molhar os pés
e, com um olhar, me deixar insano.
ainda sinto o teu sabor nas margens,
espalhado pelos cantos recônditos
das minhas efémeras viagens.
deixas os meus sentidos oprimidos,
fazes das memórias miragens
e esqueces-me entre os restantes perdidos.