segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

é manhã

está um gelo lá fora, eu sei-o e sinto-o. apesar de estar envolto em ti, com o calor conjugado dos nossos corpos despidos, eu olho e vejo o frio que faz no exterior. o céu veste um cinzento claro e baço, não se vê o sol, não se vê uma nuvem, vêem-se mil e uma gotas que se precipitam sobre nós e acabam por falhar a missão ao embaterem no vidro da janela. que inverno perfeito, que manhã gloriosa esta, onde todas as forças do universo culminam no epicentro dos teus lençóis de flanela para nos manter entrelaçados. o que se passou na noite foi o nosso sonho, agora experimentamos as consequências das nossas acções irracionais. têm um leve travo a mel, apetece repetir os actos irresponsáveis. viajo e exploro o teu corpo rosado e vulnerável. descubro a textura aliciante da tua pele, as curvas que se dobram deliciosamente para construir a silhueta do teu corpo, as irregularidades que fazem de ti única. o mais mágico é o nosso silencio que tudo diz com clareza e certeza, faz-se acompanhar da suave percussão da chuva no plano de fundo. os cabelos que cobrem a almofada e se emaranham em fitas que escondem um sorriso sonolento e um "bom dia" a medo. um abraço, um penúltimo abraço eterno à vontade de nunca partir. alguém se levanta e, de imediato, a pele se contrai e um arrepio percorre o corpo da cabeça aos pés, o corpo nu é iluminado por todo aquele brilho fusco que emana lá de fora por entre as cortinas. já cheira a leite quente e torradas com manteiga.