hoje passei em frente à tua escola e olhei mil vezes em todas as direcções possíveis e imagináveis, da esquerda para a direita, de cima a baixo, em profundidade de campo e directamente para o sol. esperei ver-te ali, naquele exacto momento em que um lugar te catapultou para o meu consciente. parece relativamente, ou até completamente, idiota, não parece? eu sei que sim, sou o primeiro a admiti-lo, mas faço-o com algum agrado. não me lembro da nossa última conversa, de quando, de quê ou por quanto tempo, desconheço o teu horário ou se, inclusive, te encontravas nas imediações daquele edifício. contudo, ao passar por lá não fui capaz de conter o desejo de te avistar, um relance que fosse. porque nos acontece isto, eu não sei. apenas abraço este palpitar recorrente de cada vez que visito determinado espaço que mencione o teu nome, ainda que remotamente. gostava de combinar um café contigo, aceitavas? mesmo que não te apele a cafeína, a bebida é descartável, eu recorto-nos da página que contém uma mesa para dois e guardo na caixa de sapatos onde juntei todas as pequenas insignificâncias. certo dia abri-la-ão, estás espalhada, emaranhada e dispersa por todas as outras memórias das quais não serão capazes de filtrar. o segredo morre comigo, tu que estás lá sem ninguém dar por isso.