ele pensa que estão mortos, todos os corpos que dilacerou. mas não, esses vivem na sua cabeça. suspirando constantemente sentenças de vingança. homens, mulheres, jovens e idosos esventrados, sem distinção. é um transeunte, sempre deambulante. segue os murmúrios ensurdecedores, a sanidade já desapareceu há muito. o plano de fundo altera-se, os companheiros surgem e nada mais. vítima atrás de vítima, num ciclo que repetirá até ele próprio se tornar um eco. mas surge uma voz, que se destaca das outras. nesse dia, ele pisa o alpendre e bate à porta. tudo está escuro e sereno, só os corvos assobiam a sua melodia favorita. aquela que o havia de esperar com um sorriso, jaz deitada no chão ensanguentado. implora piedade - que o coração nunca fora tão pequeno, como no dia em que as vozes de todos os demais se juntaram para ceifar a sua paixão. apunhalada no peito, pela própria mão, quando ela o rebaixou a convidado.