o dia era uma dualidade de sabores, gélido na penumbra e caloroso perante os escassos raios de sol. sentei-me na sombra a fitar o infinito, como se o pudesse, de facto, enxergar. pensei em mil assuntos diferentes e nas respostas a que a todos dar. franzi as sobrancelhas, pois a radiação era, ainda assim, demasiado intensa para mim. nem a escuridão a permite suportar. ela veio, intrigada, até mim e sem "olá" me quis assim inquirir "não está frio, neste lugar onde estás?" e eu gentilmente retorqui "não tanto quanto no meu coração, onde ainda flui para dentro de mim algum calor desta frígida região." no entanto, tal não foi o suficiente para apaziguar a sua inquietude e ela continuou "o que fazes tão só e estático a admirar o eterno vazio?" ao ouvir estas palavras, só consegui admitir "esperava este momento, em que vinhas ter comigo."
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
o buraco cresce
a noite não tarda para o homem sem sono,
ou para aquele que de si já não é dono.
como a boca da gorda mulher que tudo engole,
assim é o buraco que cresce no tecido mole.
anoitece no mundo que te pertenceu um dia,
onde olham para trás e questionam "quem diria?"
apetece arrancar essa carne que tanto satisfaz,
nos ousados sonhos em que se é mais audaz.
a melodia que esboçam teus cabelos no vento,
corrói a essência das palavras que vêm de dentro.
quem foi que te encontrou só para te devolver,
ao lado do homem morto que o é sem o saber?
silêncio - já te perdeste uma vez sem voltar,
a escuridão apagou o teu infame brilho luar.
já não bate o relógio da indeterminada espera,
és uma presa indefesa entre os dentes da fera.
salta as paredes da morte num feixe de luz,
o teu charme de outrora já não seduz.
o buraco cresce e tu dormes na margem,
viver já não detém qualquer vantagem.
ou para aquele que de si já não é dono.
como a boca da gorda mulher que tudo engole,
assim é o buraco que cresce no tecido mole.
anoitece no mundo que te pertenceu um dia,
onde olham para trás e questionam "quem diria?"
apetece arrancar essa carne que tanto satisfaz,
nos ousados sonhos em que se é mais audaz.
a melodia que esboçam teus cabelos no vento,
corrói a essência das palavras que vêm de dentro.
quem foi que te encontrou só para te devolver,
ao lado do homem morto que o é sem o saber?
silêncio - já te perdeste uma vez sem voltar,
a escuridão apagou o teu infame brilho luar.
já não bate o relógio da indeterminada espera,
és uma presa indefesa entre os dentes da fera.
salta as paredes da morte num feixe de luz,
o teu charme de outrora já não seduz.
o buraco cresce e tu dormes na margem,
viver já não detém qualquer vantagem.
esquisso de
poema rítmico
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
o rapaz com o casaco de metal — capítulo IV: morte ao herói
sábado, 1 de outubro de 2011
a promessa que ela fez
estava parado na fila
a aguardar a minha vez,
nesta cabeça se repetia
a promessa que ela fez.
as palavras tontas
que não ousamos partilhar,
são disparadas à toa
de olhar para olhar.
hoje se conta um ano,
à meia-noite e três,
ouvi num ténue sussurro
a promessa que ela fez.
no dia em que não dormi,
ou quis saber os "porquês",
surgia a ranger no peito
a promessa que ela fez.
desapareceu sem rasto
uma palavra em português.
ela nunca chegou a cumprir
aquela promessa que fez,
(mas eu ainda espero
a promessa que ela fez).
a aguardar a minha vez,
nesta cabeça se repetia
a promessa que ela fez.
as palavras tontas
que não ousamos partilhar,
são disparadas à toa
de olhar para olhar.
hoje se conta um ano,
à meia-noite e três,
ouvi num ténue sussurro
a promessa que ela fez.
no dia em que não dormi,
ou quis saber os "porquês",
surgia a ranger no peito
a promessa que ela fez.
desapareceu sem rasto
uma palavra em português.
ela nunca chegou a cumprir
aquela promessa que fez,
(mas eu ainda espero
a promessa que ela fez).
esquisso de
poema rítmico
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