quarta-feira, 19 de outubro de 2011

apenas isto e nada mais

o dia era uma dualidade de sabores, gélido na penumbra e caloroso perante os escassos raios de sol. sentei-me na sombra a fitar o infinito, como se o pudesse, de facto, enxergar. pensei em mil assuntos diferentes e nas respostas a que a todos dar. franzi as sobrancelhas, pois a radiação era, ainda assim, demasiado intensa para mim. nem a escuridão a permite suportar. ela veio, intrigada, até mim e sem "olá" me quis assim inquirir "não está frio, neste lugar onde estás?" e eu gentilmente retorqui "não tanto quanto no meu coração, onde ainda flui para dentro de mim algum calor desta frígida região." no entanto, tal não foi o suficiente para apaziguar a sua inquietude e ela continuou "o que fazes tão só e estático a admirar o eterno vazio?" ao ouvir estas palavras, só consegui admitir "esperava este momento, em que vinhas ter comigo."