quinta-feira, 13 de outubro de 2011

o buraco cresce

a noite não tarda para o homem sem sono,
ou para aquele que de si já não é dono.
como a boca da gorda mulher que tudo engole,
assim é o buraco que cresce no tecido mole.
anoitece no mundo que te pertenceu um dia,
onde olham para trás e questionam "quem diria?"
apetece arrancar essa carne que tanto satisfaz,
nos ousados sonhos em que se é mais audaz.
a melodia que esboçam teus cabelos no vento,
corrói a essência das palavras que vêm de dentro.
quem foi que te encontrou só para te devolver,
ao lado do homem morto que o é sem o saber?
silêncio - já te perdeste uma vez sem voltar,
a escuridão apagou o teu infame brilho luar.
já não bate o relógio da indeterminada espera,
és uma presa indefesa entre os dentes da fera.
salta as paredes da morte num feixe de luz,
o teu charme de outrora já não seduz.
o buraco cresce e tu dormes na margem,
viver já não detém qualquer vantagem.