sentes o repúdio que é auto-infligido,
a renúncia a ti consciente,
o ódio presente, crescente, efervescente!
eleva a voz da alma,
abre esse baú maldito!
são as lágrimas que ofuscam
o teu amigo expedito.
as desculpas não te pertencem
pela maldição de viver,
mas ao universo que te trouxe
sem condições para te ter!
quando acordar é um flagelo
e o bom dia uma miragem,
está na altura de partir
à descoberta da outra margem.
encontro-te apático, estático;
o teu ser é estagnático!
quem nunca te viu surpreende-se,
esqueceram-te já os restantes;
quão horrível não seria este mundo
se fossemos todos amantes?
a visão do futuro que não te pertence,
ainda que eternamente distante,
sempre se pode aproximar
por um simples metro ou instante.
é difícil encarar-te directamente,
evito-te em todos os reflexos;
o teu olhar é um tormento.
ninguém merece ser tão inteligente
que consiga de si ser consciente.