quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

homem de sorte

onde o teu silêncio me ensurda a paz
que julguei poder vir a ter, um dia,
nunca te fiz cobarde, mas capaz
d'alguma piedade por simpatia:

leva-me ao chão, não temas pisar,
ouve a razão, se alguma ainda tens,
em choros sóbrios me faço gritar
"solta esses lábios que guardas reféns!"

estou rendido à ilusão de ti,
jamais uma outra bateu tão forte
e jamais por outra tanto gemi.

julguei poder ser um homem de sorte
na louca paixão, mas já percebi —
serei só feliz às portas da morte...