"em dias como hoje só me apetecia chegar a casa e ver-te na cama à minha espera," disseste-me tu, uma vez. nesse dia, ganhei o mundo com dezassete palavras. não sei ou consigo perceber onde errei. se calhar o problema foi ter sido correcto de mais. não sei ou consigo perceber. podia ter sido menos honesto e sincero; podia ter sido mais contido nas acções, nas palavras e nos olhares; podia ter amado com menos intensidade ou moderado a dose que saía cá para fora; podia, sim, mas estava a ir contra mim. já te disse que não sou contido. quando dou, dou tudo de mim. a verdade é que já não estás apaixonada por mim há algum tempo, se algum dia o estiveste — eu quero acreditar que sim e deixa-me acreditar nisso. tentei falar contigo e dei-te todas as oportunidades do mundo para teres o teu tempo, o teu espaço, a tua privacidade. só tinhas de mo pedir e eu dar-to-ia como sempre te dei tudo. eu não sou cego aos teus sinais, por mais que me tenha andado a tentar convencer que está tudo na minha cabeça — ou está, eu sou demente e isso é grave. já não te sinto apaixonada por mim quando olhas para mim, quando sorris, me seguras a mão e, principalmente, quando me beijas; já não sinto da tua parte qualquer desejo pela minha pessoa. eu não sei ou consigo perceber onde errei, mas diz-me por favor. é algo que eu tenho de corrigir e não entendo o quê. implorei que fosses honesta comigo e foi a única coisa que exigi de ti. sinto que nem isso foste capaz de me dar, de tão fechada que és. espero que um dia encontres alguém que te faça verdadeiramente feliz como tu mereces, porque claramente — e para grande dor no meu coração — essa pessoa não sou eu. não sei onde errei. se alguma vez tiveste paixão por mim, foi-se tão rápido quanto veio. se o problema foi eu ter ido depressa mais, não sei ser de outra maneira. perdoa-me, que eu também compreendo que não consegues — ou não queres, mas prefiro não acreditar nisso — ser de outro jeito. quero que saibas isto. não podes voltar a afirmar que nunca te amaram completa e verdadeiramente, com mais do que um só coração pode dar. pedi emprestado a forças superiores que, para sempre, me hão-de lembrar a dívida que tenho.