na sombra da luz das velas eléctricas
ainda tento encontrar esconderijo
no cerne da alma onde tanto me aflijo
c'oa quantidade de ideias frenéticas.
quando o silêncio da noite enlouquece,
rasga-se, no meu peito, uma fissura
e eu não sei se isto é dor ou loucura
e eu não sei quem lembra, quem esquece...
se houve, em tempos, p'la alma da amargura,
quem da noite fez lugar de recreio
p'ra se esconder à luz da ditadura...
já não sei porque sinto tanto anseio
p'ra falar da doença que nada cura
que tanto desejo, que tanto odeio.