quarta-feira, 6 de março de 2019

monstro

já não sei quem foi, me arrastou até aqui,
o que dói em mim e eu não senti,
porque me pesa a alma com um fardo não meu
e, quando te mataram, fui eu quem morreu.

levas a minha mão ao fogo no teu peito —
a mão que tens é a minha por defeito —
que mal se nota por entre a tua calma
e o que arde, na verdade, é a minha alma.

já não sei quem foi, me roubou a alegria,
se foi ela que partiu para melhor companhia —
alegria que sempre foi um engodo,
para mim, para ti e o mundo todo.

leva-a contigo para perto do teu sorriso,
esse nectar, esse milagre, esse tudo o que eu preciso,
essa veste floral em pleno inverno,
esse pecado carnal — meu inferno.