sexta-feira, 8 de março de 2019

morreu algo em mim e não eu

eu já não sou eu, não me sinto eu,
não sei quem sou, aqui e agora,
somente quem fui lá e outrora,
que esse algo, aqui e agora, morreu.

maldita hora, atrevida felicidade...
bendito infortúnio, onde andas tu?
traz-me o fado mal passado — cru —
que eu já passei da tenra idade.

eu não sei ser feliz e não sei,
eu não quero ser feliz e não quero,
já nem sei por quem eu espero,
já nem lembro por onde errei.

salva-te a ti, salva até a tua mãe,
chama os deuses do Olimpo e além,
leva a felicidade que só cego tem
e deixa-me ser sozinho — ninguém.