lembro-me do meu primeiro amor. ela era mais velha e muito bonita, acho que nem eu sabia a sorte que tinha. mas algo era certo, todos os dias eu beliscava-me no coração para ter a certeza que a realidade não era um belo sonho. há tantas histórias de quando se é pequeno, na altura significavam o mundo e agora são nada mais que pequenas janelas onde se pode ver um filme que nos trava um leve sorriso nos lábios e que não desaparece enquanto não terminar. as coisas estúpidas que fazíamos, as maldades que falávamos sem pensar com o intuito de magoar. no final, o ser mais atordoado éramos nós mesmos, de tanto arrependimento e aflição daquele mal-estar que desejávamos provocar. caiem no esquecimento enquanto a nossa vida se torna cada dia mais monótona, repetitiva, rotineira, à medida que ganhamos responsabilidades e deixamos de ser crianças para fazer asneiras. esperam tanto de nós e temos de estar ao nível das expectativas, mas no fundo... bem, no fundo todos queremos é brincar e ser pequenos novamente. dizer maldades, partir bens valiosos, esconder das pessoas, viver no mundo inocente. aquele que é fácil quando tudo o nos dizem é 'brinca com cuidado' porque, no fundo, são só coisas de miúdos.