recordo-me das situações mais extraordinárias do meu primeiro amor, o que marcou na carne. mas aquele mesmo verdadeiro, que durou anos e me deixou, muitas vezes, fora de mim, de rastos. não foi pela rapariga dos cabelos aos caracóis, saia de pregas e meias de renda. não, não foi por essa rapariga. foi pela outra, a mais simples, a mais branca, cabelo liso e escuro. ainda que, pela rapariga dos cabelos enrodilhados, tenha eu certo dia convencido um amigo que ir estudar para a escola numa manhã sem aulas era boa ideia. mas não, era tudo engenho para ver aquele meu fraquinho bonito que... bom, estava a falar com outro rapaz no intervalo enquanto que eu tremia por todas as extremidades que tinha e continha aquela gota salgada de saltar para fora do olho durante uma conversa discreta e dissimulada com uma das suas amigas. conseguimos nos sentir terrivelmente idiotas quando crescemos e encaramos as situações do passado com o coração de hoje. é mesmo incrível a sensação que ainda me dá para me esconder debaixo dos lençóis da cama por ter agido, enfim, como um inexperiente naqueles dias. não necessariamente que, se fosse hoje, encarasse as situações de uma maneira melhor, apenas diferente. no final de contas, tudo o que há a fazer é espreitar a janela do passado, corar e sorrir enquanto pensamos 'que tontice', são mesmo coisas de miúdos.