- de quê?
- da surpresa que te deixei na mesinha de cabeceira antes de ir embora, enquanto ainda estavas a dormir.
- ah, isso. nem prestei muita atenção.
- porquê, não achaste piada?
- sinceramente, não muito.
- porque não?
- é demasiado simples e básico, nem me ocorreu que fosse uma surpresa.
- não gostas de coisas simples?
- esse tipo de coisa já não tem piada.
- para mim ainda tem.
- mas não devia, já está gasto pelos outros.
- os outros não entram na nossa equação.
- pronto joão, desculpa não ter ligado.
- não faz mal, mas acho que devias dar mais importância às pequenas coisas.
- dou a importância que devem ter, se são pequenas têm pouca importância.
- as pequenas coisas são mais abundantes que as grandes surpresas, mais recorrentes também. se fores feliz com as mais simples, és feliz mais vezes e, apesar de em doses moderadas, continuamente.
- acho que tens razão, mas não podes simplesmente começar a achar piada a essas coisas assim, como estalar os dedos!
- eu sei. é por isso que todos os dias vou fazer-te pequenas outras coisas até ao dia em que me esqueço e tu lhes sintas a falta.
- és um doido.