encontro-me em pensamentos vagos onde me havia perdido outrora, no passado. sinto que o que passou, passou, mas a marca cravada, essa não sarou. não que queira voltar, de todo, mas questiono-me como seria o presente se o passado tivesse divergido. quando estudava no liceu e sair à noite era a melhor coisa do mundo, provar os efeitos secundários do álcool - esse belo composto orgânico -, experimentar o sabor da rebeldia, encontrar as pessoas lá da escola pela rua e ter a coragem para fazer o que não se fazia à luz do dia, eu fiz isso mesmo. a conversa surgiu com duas raparigas muito simpáticas que - vá-se lá saber porquê - consideraram-me minimamente interessante e por ali perdemos algum tempo da nossa bela noite desfocada. entre dois dedos de conversa pelas novas tecnologias, amigos comuns e os corredores da escola lá nos torná-mos os três bons conhecidos. escusado será dizer que desenvolvi uma certa atracção por uma das ditas raparigas que talvez o tenha percebido, talvez não, nunca saberei. após me resignar ao facto que o fraquinho não era correspondido fiz, o que qualquer homem tende a fazer - mas não é por mal, é quase inconsciente -, desenvolvi uma atracção pela segunda rapariga. vou admitir também que esse barco fugiu para outra doca e eu simplesmente ganhei duas amigas. sim, saí a ganhar desta mas a perder de outras. na vida, não tem de se perder sempre, podemos ganhar onde o resultado não é favorável se formos humildes o suficiente para baixar os nossos padrões e expectativas, ser mais tolerantes e gratificantes por ter pouco ao invés de nada. mas na altura as coisas nunca são assim tão claras, só queremos o próximo beijinho da próxima miúda gira. o que haverá mais para dizer, são coisas de miúdos.