o medo tinha tanto medo
que um dia se perdeu,
tremeu de tédio, ódio e frio,
de medo que não era seu.
aventurou-se corajoso,
como se medo não fosse,
mas o mais curioso
foi o medo que medo trouxe.
com relâmpagos fortes chovia
e o medo a medo se entranhava,
entoado a infame melodia
do medo que de dentro arranhava.
foge, foge medo, foge
antes que a esperança te apanhe!
não haverá um outro hoje,
e o medo que se acanhe!
na janela para o rio a ver
todo aquele medo a fluir,
como que prestes a acontecer
o medo de tornar a sentir.
são as palavras vagas dos avós
que seguram o medo ao mundo,
quando os homens que estão sós
vivem com o medo a tudo.