porque me deixo eu encantar
pela tua varinha de condão,
quando nem tu a sabes usar
para encontrar um mísero botão?
tenho a mente conspurcada
pelas palavras que me não dizes,
quando, na rua, vamos de mão dada
e os outros pensam "estão felizes!"
já não sei se é tristeza de amor
ou se tenho amor pela tristeza,
que me persegue para onde for
com promessas de riqueza.
dessa riqueza estou eu farto
e tenho mais do que qualquer um!
...ou serei eu apenas ingrato
por nunca ter passado jejum?
estou louco, eu sei que estou
e não discirno da realidade
o que, na mente, se formou,
e, provavelmente, não é verdade.
quem se lembrou de te criar
e lançar na minha direcção?
jamais consegui acalmar
este cavalgante coração!
melancolia esta que não passa,
nem pelo céu e todas as estrelas
e eu já não sei o que faça
às memórias... vou perdê-las!
nada mais resta para dizer,
que já não to tenha sido dito,
mas ainda há algo que possa fazer,
se porventura me encontrar aflito.
a aflição que tenho da tua falta
é a pedra no sapato da minha alma.
lá dentro, ela corre, ela salta
e no conforto do meu pé se acalma.
és princesa do reino em mim
e não há espaço para rainhas.
neste coração que se fez ruim,
só quero as tuas saudades minhas.