segunda-feira, 19 de abril de 2010

como o universo é engraçado

o universo é mesmo engraçado,
ali observa, quietinho e parado.
já mede palmo e meio e diz-se contente,
só porque fez um planeta,
um planeta onde vive gente.
é uma pequena bola de sabão,
que cabe na minha e na tua mão.
vagueia por aí, nesse dito multiverso,
mais uma e outra bola de arremesso.
sozinho, sozinho, sozinho?
sozinho e talvez não.
aposto que o malvado tem companhia
e finge solidão,
finge solidão só para ter a nossa mão.
a nossa mão e o coração!
maldito, maldito, maldito!
maldito sejas universo sem razão!
sem porquê de ser, sem porquê de existir,
sem saber onde não foi e onde não vai
ou o caminho a fugir.

ah, tempo! só tu para gostares do universo.
sim, só tu e eu não.
antes de ti, ele era nada.
antes dele, tu nada eras.
ah, tempo! só tu para me encheres,
só tu para me encheres o dia de tempo.
tempo que não quero e não pedi,
tempo que quis dar ao universo e não consegui.
diz-me, tempo, quando vais tu parar?
quando vais tu parar e andar para trás?
quero saber,
saber o que é morrer antes de nascer.
e tu, universo que te ris para mim,
também tu irás nascer e desaparecer,
quando o tempo se decidir retroceder.

o universo é mesmo engraçado,
nunca chega a horas,
está sempre atrasado.
sempre atrasado,
a divertir-se com o amigo tempo.
o universo até é bonito,
tem olhos de azul,
caracóis de ouro.
universo infinito,
sem norte ou sul,
todo tu e um estoiro.