sou poeta?
lá poeta sou eu!
o grande escritor, maior que a terra já viu!
mas não!
não te iludas mais, pois mentiroso não sou.
jamais serei!
sou copiador! transcritor!
sou um pobre literato que sabe imitar!
grandes românticos são os antigos, eu não.
então, de uma vez por todas,
o que sou?
sou o leitor assíduo deste coração cravado no meu peito,
recordo as palavras mudas que grita tão desesperadamente.
oh, mas que poeta desamparado!
os versos são tantos e o papel é escasso!
“poesia é bela e emocionante, espelho de sentimentos.
serão as quadras apenas conjugações (ir)racionais?
será, de todo, árduo reunir um conjunto de momentos?
responder seria fútil, inútil até, e digo nada mais.”
poetas? have-los-ão.
com rimas mágicas de aparição absurda.
outros, porém, nada to dirão!
mas eu, eu tudo te direi!
de peito erguido,
aos céus berrarei!