estonteante mulher,
diz-me de uma vez por todas, por favor explica-me. eu exijo saber porque não fui capaz de resistir àquela força que me assolou, de uma maneira que nada me havia afectado de igual antes. esboça-me um esquema que simplifique a razão porque me senti obrigado a sorrir-te tão estupidamente. é que já dei mil voltas à cabeça, e depois de toda a lógica, matemática e física estarem aplicadas ainda há algo que não está correcto. vinhas tu na minha direcção, nem sei porque razão, não era suposto estares ali. porque te encontravas tu ali, exactamente ali, naquele momento? era para eu me cruzar contigo, era isso? para eu sentir esta força a que apelido de estúpida manipulação que não tem razão de ser? o que significou aquela fracção de segundo em que os músculos que envolvem os meus lábios se desligaram de mim e ganharam vontade própria? porque não foram capazes de permanecer estáticos como lhes ordenava o meu comando? que efeito é esse que tu produzes sobre mim, e de certo sobre todos os outros homens? mas eles são nada comparados com a minha pessoa. eu tenho forças idiotas a dirigirem-me, como um imenso campo espectacular, que me força a sorrir-te desesperadamente. mais do que sinapses, são os impulsos eléctricos que fizeram sorrir também o coração. mais do que este mundo, extasiaste a minha alma para bem longe, como uma overdose de heroína. penso que irás entender melhor o quão extraordinário este acontecimento é, se souberes que odeio sorrir, repugno! ainda assim, por ti, não fui capaz de me conter. jorrou para fora, quando deixaste cair no meu calmo lago essa pérola que é a visão de ti.
diz-me de uma vez por todas, por favor explica-me. eu exijo saber porque não fui capaz de resistir àquela força que me assolou, de uma maneira que nada me havia afectado de igual antes. esboça-me um esquema que simplifique a razão porque me senti obrigado a sorrir-te tão estupidamente. é que já dei mil voltas à cabeça, e depois de toda a lógica, matemática e física estarem aplicadas ainda há algo que não está correcto. vinhas tu na minha direcção, nem sei porque razão, não era suposto estares ali. porque te encontravas tu ali, exactamente ali, naquele momento? era para eu me cruzar contigo, era isso? para eu sentir esta força a que apelido de estúpida manipulação que não tem razão de ser? o que significou aquela fracção de segundo em que os músculos que envolvem os meus lábios se desligaram de mim e ganharam vontade própria? porque não foram capazes de permanecer estáticos como lhes ordenava o meu comando? que efeito é esse que tu produzes sobre mim, e de certo sobre todos os outros homens? mas eles são nada comparados com a minha pessoa. eu tenho forças idiotas a dirigirem-me, como um imenso campo espectacular, que me força a sorrir-te desesperadamente. mais do que sinapses, são os impulsos eléctricos que fizeram sorrir também o coração. mais do que este mundo, extasiaste a minha alma para bem longe, como uma overdose de heroína. penso que irás entender melhor o quão extraordinário este acontecimento é, se souberes que odeio sorrir, repugno! ainda assim, por ti, não fui capaz de me conter. jorrou para fora, quando deixaste cair no meu calmo lago essa pérola que é a visão de ti.
se soubesses o que pensei naquele momento, provavelmente expatriavas-te para imensamente longe. mas talvez, só mesmo talvez, ficasses, quiçá gostasses! detenho dentro de mim um desejo imensamente luxurioso, não o nego. a minha vontade animal era roubar-te deste mundo e desonrar-te no outro, aquele para onde arrebataste a minha alma. que terás tu a dizer sobre tudo isto? é quase certo que seja o desejo em ver a minha pessoa envolva numa camisa de força, eu compreendo. mas existe uma ínfima possibilidade, ainda que leve todo o tempo do universo, de sonhares o meu sonho.
senti os teus olhos espremer este órgão que insiste em continuar vivo e a tremer, como se de uma laranja carnuda se tratasse. como se te banqueteasses no sumo que escorre do meu amor, colhido pela fúria do teu sorriso. esses dentes que me trincaram a pele, deixaram esta cicatriz escarnecida de porta escancarada às doenças deste mundo infestado. por aqui entra e prolifera dor, angústia, temor, negação, desejo carnal. na minha memória permanece unicamente a imagem do beijo que não te dei, já não me recordo do momento real. algo belo e simples que distorci e depravei com esta ambição maldita, que abomino. abomino mas é-me essencial à existência, como a carne putrefacta a uma larva de mosca. sem este temível sentimento que me sustem a vitalidade, desço ao mundo dos mortos sem amor. também eu, sem o teu amor, continuo seguro a este mundo pela corda da minha pervertida ilusão que é a tua resposta a sentimentos que nunca recebeste.
sinceramente,
aquele que te deseja louca e anonimamente.