és o nevoeiro que tanto eu prezo,
esse fusco ser que anseio pela manhã.
envolves-me num abraço húmido e frio,
irritas-me a pele e estremeces-me por dentro.
ainda que me roubes o calor da noite,
ainda que turves a minha visão do infinito,
eu sei que te desejo com a vontade de um sonho.
apareces quando menos te espero
e eu corro empecilho para os teus braços,
entre trambolhões e faltas de ar,
nas piores vestes que possuo.
corro para ti com o suor dos pesadelos
e o fedor ao medo irracional do sol,
esse tirano que te diluirá para longe de mim.
tu és o meu nevoeiro permanente,
aquele que mil sóis não conseguem derreter.