uma arma, é tudo o que tenho.
o que possuo não é meu
e o meu reflexo é-me estranho.
o que foi que aconteceu?
encosto à testa ou ao peito?
esse é o meu único dilema.
até para respirar perdi o jeito,
quanto mais para um poema!
as minhas últimas palavras
serão sempre para ela,
sobre essas noites passadas
entre o prato e a tigela.
eu sou louco e moribundo
e procuro algo melhor,
digo tanto adeus ao mundo
que quase o faço de cor.
tenho preso mais um beijo,
a entupir-me a traqueia.
lá no seu esconderijo,
nem parece que chateia.
estou sem ela para o libertar
e o tempo não perdoa,
não me peçam para ficar
quando ficar me magoa.