serei eu capaz de amar uma ideia?
dar-me-ão tal liberdade constrangida?
para que nunca sejas tu feia,
terás que superar-te à própria vida!
vejo-te atravessar o instransponível —
paredes do tempo e do espaço —
como se fosse, algum dia, possível
derreter esse teu coração de aço!
és nada mais do que um véu,
suspenso em fios de ilusão
que a solidão prendeu ao céu
para que jamais toques o chão.
vou fugir e guardar o sonho,
que a realidade não o conspurque.
se o teu ar é enfadonho,
prefiro-te ter-te como estuque.