sozinha, tu inspiras o centro do meu coração
e acendes o fogo da fornalha de que se alimenta,
sem saberes que o fazes, sem sequer o quereres.
agora, sempre que enfrentar a solidão,
sei que a força da tua mão na minha se aguenta
com a magia em que ocultas os teus poderes.
por mais longe que estejas, ainda me agarras
tão forte como a maré do bravo mar de inverno
e delicado que nem sinto o apertar constrangedor.
quero ouvir todas as histórias que narras,
pela voz do teu canto lírico, que é o mais terno
que já ecoou pelas entranhas do meu interior.
um dia, já serei eu um bom navegador
e convidar-te-ei a velejar comigo por mais além,
onde nunca outro coração se atreveu a navegar.
por agora, terás que acreditar que é amor
que impulsiona o meu barco a remos não tão bem,
mas que me leva até ao lugar onde quero chegar.
nessa ilha deserta, onde mora mais ninguém
construirei o castelo de areia que nos albergará
e esperarei pelo dia em que me peças para subir.
se os anos passarem, nem mesmo aos cem
eu desistirei de esperar o dia que te trará
ao encosto dos meus braços para dormir.