meu amor, meu amor,
porque és também tu dor?
porque te finges insensato
ou te escondes em pudor?
tu, que anseias ser tão fácil,
porque temes a nudez?
abre-te para sempre,
abre-te uma e uma só vez!
sem ti, todo eu é vazio,
consumido pela sarna
como um animal vadio!
o sentido perde significado
e o significado perde sentido,
sem ti, o eu está perdido.
dá-me como esmola
uma só noite contigo.
não me olhes sem ver,
não me fales sem ouvir,
não me toques sem sentir,
ou me leias sem escrever.
abraça-me sujo como sou,
no lugar onde sempre estou,
sem réstia de piedade!
abraça-me, só por saudade...