sexta-feira, 23 de setembro de 2011

o velho do outono

ainda não se fazem notar as folhas queimadas,
que já te chamam a ti outono.
eu conheço-te como o velho cansado,
que ora sente frio,
ora tem febre,
ora chora,
ou - quiçá - espirra.
prefiro atravessar a rua sempre que te vejo,
evitar-te a todo o custo.
és simpático,
mas a simpatia nunca encheu estômagos
(ou corações).
demasiados são os dias em que me fecho em casa,
observo-te passear pelo friso da janela
(ansiosamente à espera que partas).
és a razão porque mais de mim não é valente,
o isolamento torna-me carente
(já a tua companhia afoga-me).
dizem que sabes muito,
mas o que tu sabes sei eu e sei-o bem.
contam que passaste por bastante,
mas não imaginas o que já suportei.
querido outono,
vai-te embora,
que me deixas triste.