o joão pediu e implorou
que o levassem à feira,
até uma cruz pousou
na mesa de cabeceira.
tudo fez pela rapariga,
de seu nome bela inês,
até inventou uma cantiga
e lá ia “um, dois, três”.
os vendedores apregoam
os mais lindos materiais!
são peças que escoam,
são esbeltos aventais!
o pai do joão bem tenta,
com a arte do regatear,
pagar menos de quarenta
para aos amigos se gabar.
“feira franca é tradição”,
diz a mãe envergonhada.
mas o pequeno joão
só pensa na sua amada.
a inês tem as mãos frias,
trabalha na banca de gelado.
o joão viu-a todos os dias,
mas ficou sempre acanhado.