segunda-feira, 26 de setembro de 2011

troquei o nome para não saberes

"querida benedita" começa
a informal e típica carta,
mas daquilo que é igual
já bem estarás tu farta.

perdoa-me a demência,
a arrogância e a ousadia.
aqui encontro a coragem
que naturalmente não teria.

já antes das histórias
me causas certo tormento,
a única estrela viva
no frio do pensamento.

os teus olhos castanhos,
esse bom cheiro aromático,
um tic-tac do relógio
e o sorriso mais simpático.

os dias envoltos em silêncio,
irrefutável prova são
daquelas vontades contidas
a que chamam devoção.

horas e horas e horas,
oito dias por semana.
pode parecer interminável,
mas a aparência engana.

tu caminhas sobre música,
uma melodia em tom de si.
se as notas falassem diriam:
és a mais bela mulher que vi.

o meu desejo era cantar-to
com um musical no rivoli,
mas a verdade é só uma:
perdi o coração em ti.

sem mais atrasar o adeus,
isto apenas tenho a dizer:
se algo partilhas comigo,
fá-lo antes do amanhecer.

vem pela calada da noite,
não me temas massacrar,
se o destino deste coração
for o cruel vazio do mar.